Os Noivos da Viúva do Morto-Vivo

No Olho do Furacão
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A política cascavelense, de uma certa forma muito trágica, se assemelha bastante ao seriado americano “The Walking Dead” ou, para os que preferirem, à comédia “Meu namorado é um zumbi”. Como diz aquele velho e batido ditado: “Seria trágico, se não fosse cômico”, a capital do Oeste, ou do faroeste, como ficou conhecida após diversas passagens políticas de um passado não muito distante, destoa daquilo que temos em nossas mentes como uma referência de democracia.

Em uma democracia, por mais capenga que seja, temos de um lado a situação, e de outro a oposição (independe qual está mais à direita, e qual está mais à esquerda). Em uma verdadeira democracia republicana, há uma maior complexidade nessa relação, que permite, pelo menos em tese, que os partidos que foram derrotados nas urnas possam estar lado a lado com a situação na discussão dos assuntos de interesse da coletividade, da sociedade como um todo. Claro que essa pacífica coexistência prescinde de um pleito de lisura, honestidade, vitória legítima e incontestável nas urnas e, por óbvio, sem fraude que possa ter maculado o resultado do jogo político. Esse não foi o caso em Cascavel.

De uma forma muito particular, em Cascavel a oposição é pouco mais que uma piada. Formada por sabe-se lá quantos oportunistas de siglas diferentes, a maioria de aluguel, todos à espera de que o marido morto-vivo morra por si, ou pelas mãos de outros, para que possam, ou pelo menos tentem, desfrutar da viúva. Brigar com o marido, nem pensar. Afinal, tem que ser macho para isso, mesmo que o marido seja pouco mais que um zumbi a essa altura do campeonato. Vai que mesmo zumbi, o marido moribundo não seja enterrado e, como na série americana continue andando por aí e aprontando das suas? Ser oposição assim é fácil, simples, indolor e, o principal: não custa nada. Nem politicamente, nem moralmente, muito menos financeiramente.

Em uma analogia folclórica, que se encaixa perfeitamente no caso, a oposição está todinha escondida atrás das árvores, com o fuzil sem munição em punho, aguardando que uma bala perdida ou um vírus letal derrube definitivamente o marido morto-vivo, para então, os mais rápidos colocarem o pé sobre o peito do cadáver e tirar a foto para a posteridade. Vai sobrar matador, mais do que sobra outdoor para comprovar a paternidade de obras no município. Candidato a marido da viúva, então, nem se fale... A casa da viúva vai ter mais fila que bordel de interior com menina nova.

 

Como disse, vivemos em uma cidade na qual a população tem que contar com o aparelhamento da própria sociedade para, de alguma forma, coibir os abusos, controlar os desmandos, estancar a sangria que ataca os cofres públicos, pois se dependesse da oposição lutar pela noiva, esta morreria virgem. Pegar a noiva toda a oposição quer, mas sem esforço, sem ter que trabalhar, sem se expor, e, sem se comprometer... Ninguém tem sido macho para se declarar candidato a noivo, nem mesmo o que foi traído no altar.

 

A oposição está tão acovardada, que a própria situação começa a apresentar candidatos a desposar a viúva. Sei não, mas do jeito que a coisa anda não me surpreenderia que a viúva acabe ficando nas mãos da própria família...

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