Ainda há esperança de alguma legalidade

Política

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Em um delicado momento no qual se vê instituições que deveriam servir de alicerce para nossa sociedade, literalmente afundando em profundos mares de lama, é verdadeiro alento para a coletividade poder acreditar que o Tribunal Regional Eleitoral exerce de forma firme e séria sua função de zelar e garantir a democracia através da defesa do sistema eleitoral e o combate às campanhas desleais, imorais, antiéticas, enfim, conduzidas em desacordo com a legalidade e a moralidade.

Recentemente, todos assistimos pasmos, às denúncias envolvendo esquemas de fraudes na prestação de serviços médicos, com organizações não governamentais e cooperativas médicas, enriquecendo enquanto a população sofre, padece, e morre, desassistida. Vimos um esquema milionário envolvendo o exército e militares em vergonhosa fraude na entrega de água, enquanto animais morrem, plantações se perdem e seres humanos bebem água contaminada tanto quanto a de nossas privadas. Aqui mesmo no Paraná, um ex-delegado de Polícia Civil envolvido em um esquema de jogo ilegal, preso pelo GAECO na Operação Mansão Cassino.

E a lista é extensa, e desanimadora. Inclui presidentes de tribunais, filhos em outros tribunais e muito mais... Já não sabemos em quem confiar, pois o policial às vezes não é o mocinho e sim o bandido da história. O exército que sempre foi a instituição mais confiável de nosso país, já mostra sinais de falta de controle e hierarquia, com militares envolvidos em negociatas e fraudes em licitações. E o que pode parecer para alguns o mais estarrecedor: médicos, que fizeram um juramento para salvar vidas, fraudando a entrega de serviços, ganhando pelo que não fazem, deixando as pessoas morrerem sem atendimento.

Em Cascavel já não se confiava sequer na Justiça Eleitoral, que foi falha e parcial durante o processo eleitoral local. Depois, histórias de malas pretas viajando para a capital assustavam as pessoas de bem que, confiando na Justiça em segundo grau, viram diversos pedidos de vistas em um mesmo julgamento, com votos declarados de uma forma dias antes sendo pronunciados de outra após as “vistas”... Com uma certa razão, havia incredulidade e ceticismo quanto ao julgamento de ontem, no qual o TRE-PR negou provimento aos embargos declaratórios do prefeito cassado Edgar Bueno e seu vice, igualmente cassado, ratificando desta forma, que ambos, pelo menos no Paraná, estão definitivamente cassados por fraude eleitoral.

Agora começa uma nova “via crucis” de incertezas, à espera do julgamento de recurso especial, desta vez no TSE, em Brasília, onde já garganteia o prefeito cassado, a sentença deverá ser reformada. Após dois julgamentos que, por unanimidade, 6 a 0, lhe cassaram? Difícil de acreditar. Seria a forma de o TSE jogar na mesma vala comum dos casos nebulosos e suspeitos, a credibilidade da maior Corte do Brasil. A sociedade cascavelense espera que como ocorreu no julgamento dos embargos em Curitiba, o papo seja apenas mais uma bravata do prefeito cassado e recassado.